Vacina contra
câncer apresenta resultados positivos em 90% dos pacientes
Teste
de imunoterapia que usou a bacteria 'Streptococcus pyogenes' para
estimular a defesa do organismo encolheu os tumores em 70% dos casos; em
outros 20%, a doença entrou em remissão.
Imagens capturadas de dois tipos de células do
sistema imunológico (verde e roxo), próximo a um tumor (vermelho)
Reprodução/Nature
LONDRES - A revista “Nature” dedicou parte de sua
publicação desta quarta-feira aos avanços da imunoterapia no tratamento de
câncer. Este método que vem ganhando força no meio científico se baseia no
estímulo do próprio sistema imunológico para combater os tumores. Na revista,
uma das pesquisas destacadas revisita uma técnica ainda do século XIX para o
desenvolvimento de uma vacina imunológica.
Por volta de 1890, o médico William Coley buscou em
bactérias a forma enfrentar este mal. Ele infectou um de seus pacientes com o Streptococcus
pyogenes, a bactéria que causa a doença escarlatina, e em questão de
semanas, o doente teve uma recuperação significativa. Coley então começou a
usar micro-organismos mortos para tornar o tratamento mais seguro e acrescentou
mais um tipo de bactéria ao composto. O trabalho bem sucedido do médico - que
pelos relatos conseguiu tratar centenas de pessoas, mas cuja história tinha
caído no esquecimento - foi resgatada por pesquisadores da empresa canadense
MBVax Bioscience.
A nova versão de vacina desenvolvida pela MBVax
contém a mesma S. pyogenes e outra bactéria chamada Serratia
marcescens, que contém um pigmento estimulante do sistema imunológico
conhecido como prodigiosina. Desta forma, as cepas de bactérias mortas pelo
calor ativam esse sistema para que ele lute contra o tumor.
Entre 2007 e 2012, a empresa vacinou cerca de 70
pessoas em estágio avançado de câncer, incluindo pacientes com melanoma (pele),
linfoma (sistema linfático) e tumores malignos de mama, próstata e ovário. Os
tumores encolheram em 70% dos pacientes, e 20% entraram em remissão.
Tecnologias de ponta contra o câncer
Diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo vêm
desenvolvendo vacinas a partir de bactérias combinadas. E enquanto alguns
pesquisadores buscam métodos de séculos passados, outros lançam mão das mais
novas tecnologias disponíveis. Uma pesquisa das universidades de Stanford,
Califórnia e Massachusetts consegue gravar imagens da resposta do sistema
imunológico ao câncer de pulmão num camundongo. Com isso, eles conseguem ver
tanto como o tumor cresce ou encolhe quanto os detalhes de como e por que isto
acontece. Antes disso, os pesquisadores não conseguiam ver o que de fato
ocorria no corpo, então eles eram incapazes de identificar por que algumas terapias
não funcionavam.
- Nós víamos várias imunoterapias falharem porque
éramos cegos - afirmou à “Nature” Christopher Contag, imunologista da
Universidade de Stanford, em Palo Alto.
Nos últimos dez anos, cientistas também têm
observado células imunológicas e cancerosas utilizando sofisticadas tecnologias
de microscopia. Eles aprenderam que as experiências em culturas de laboratório
nem sempre conseguem imitar o que ocorreria no corpo.
Um trabalho do Instituto Pasteur, em Paris,
conseguiu observar as interações das células tumorais e imunológicas em animais
vivos a partir de imagens de um microscópio multifotônico. O alcance deste
equipamento é oito vezes maior do que os microscópios usuais.
Duas outras pesquisas (das universidades de
Manchester, nos EUA, e Sidnei, na Austrália) usam microscópios com lasers infravermelhos. Com imagens de super resolução, eles detectam as moléculas no
momento de contato das células imunológicas e dos tumores.
- Queremos ver onde cada proteína está na
superfície destas células, uma informação essencial para a compreensão do que
ocorre a nível celular e que determina o prognóstico de um paciente com câncer
- explica Daniel Davis, de Manchester.
FONTE: http://oglobo.globo.com/saude/vacina-contra-cancer-apresenta-resultados-positivos-em-90-dos-pacientes-11105817#ixzz2nvht22EK
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