terça-feira, 4 de agosto de 2009

Erisipela

  • Considerações
    A erisipela é uma celulite superficial, caracterizada pela presença de placas enantematosas, com bordas elevadas, bem definidas, dor e edema local, com importante envolvimento dos vasos linfáticos subjacentes. Cerca de 48hs a 72hs antes do surgimento das lesões, há instalação de sintomas gerais de um quadro infeccioso, com febre elevada (39ºC-40ºC) e calafrios, astenia, mialgia, náuseas e mal-estar intenso. Na linguagem popular a doença é também conhecida como “fogo de Santo Antônio”
  • Etiologia, fatores predisponentes, incidência
    O agente etiológico mais comum é o Streptococcus beta-hemolítico do grupo A de Lancefield, o S.pyogenes( em raras ocasiões os dos grupos C ou G e, em recém-natos do grupo B). O Staphilococcos aureus também pode ser responsável por quadros de erisipela( 10-17% casos ). Os bacilos gram negativos podem, de forma isolada ou associados a cocos gram positivos, ser responsáveis pelo quadro em pacientes internados com pé diabético ou escaras de pressão.
  • As localizações mais freqüentes são os membros inferiores seguidos da face e membros superiores, mas a doença pode ocorrer em qualquer região, inclusive em mucosas.
    A penetração do germe se faz a partir de soluções de continuidade da pele: fissuras, intertrigo micótico, picadas de inseto, ulcerações venosas e outras.
    Existem fatores predisponentes para a doença que podem ser locais, com destaque para a insuficiência venosa, e/ ou sistêmicos: diabetes e obesidade. Os indivíduos consumidores álcool e tabaco também apresentam uma maior incidência da doença.
    A faixa etária mais acometida está situada entre os 60 e 80 anos e o sexo feminino é predominante.

(Foto MediUAQ) (Foto GEFOR)

  • Diagnóstico,tratamento e complicações
    O diagnóstico é clínico, sendo raro o isolamento do agente causal.
    O tratamento é a antibioticoterapia, com a penicilina cristalina ou benzatina como primeira escolha e em casos de alergia o uso de macrolideos, eritromicina ou azitromicina são indicados.
    Na suspeita de estafilococcia, especialmente nos pacientes mais graves, o uso da clindamicina ou vancomicina deve ser cogitado.
    Medidas gerais como repouso e higiene adequada das áreas afetadas devem ser adotadas.
    As complicações mais freqüentes são a erisipela bolhosa necrotizante, formação de abscessos, tromboflebite superficial e profunda.
    O indice de mortalidade da doença gira em torno de 0,5% dos casos.
Referências:
1. David G. et al, Erisipela. Evaluaión de 100 casos en el Hospital Universitano de Caracas: PCM, 1991: 5(1):21-3.
2. BERNARDES, Carlos Henrique de A. et al . Experiência clínica na avaliação de 284 casos de erisipela. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 77, n. 5, Oct. 2002.
3. Santos, I. et al., Predisponing and triggening factors in erysipelas. Dermatology, 1984; 12(5): 399-402.
4. BECHELLI, L.M., CURBAN, G.V. Compêndio de dermatologia. 6.ed. São Paulo: Atheneu, 1988. p. 126- 127.
Autor: Professor Eraldo dos Santos, Docente da Cadeira de Semiologia, Departamento de Clinica Médica da FTESM.

Um comentário: