: NONA ENFERMARIA: CLÍNICA MÉDICA: setembro 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Novo teste consegue diagnosticar tuberculose em duas horas

Prof.Eraldo dos Santos
Clínico da 9ªenfermaria Santa Casa da Misericórdia do RJ

Investigação realizada comprovou eficácia em 98 por cento dos casos

O controle global da tuberculose é dificultado pelo demora na obtenção de resultados e baixa sensibilidade dos métodos de diagnóstico, em particular na detecção de formas resistentes a drogas em pacientes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. A detecção precoce é essencial para reduzir a taxa de mortalidade e interromper a transmissão, mas a complexidade e as necessidades de infra-estrutura de métodos sensíveis limitam sua acessibilidade e efeito.

Um novo teste molecular consegue diagnosticar tuberculose de forma mais fácil e em menos tempo que os métodos utilizados atualmente, anuncia o “The New England Journal of Medicine”. O teste diagnostica a doença e a resistência a um dos fármacos mais potentes de combate à mesma, a rifampicina.
Pode ser efetuado por técnicos da área da saúde e permite detectar, de forma fiel, em torno de apenas duas horas, os fármacos aos quais os pacientes são multirresistentes.

O teste, sua aplicação e o futuro

Foi avaliado o desempenho de RIF / Xpert MTB, um teste automatizado molecular de Mycobacterium tuberculosis (MTB) e resistência à rifampicina (R), com o processamento da amostra totalmente integrada em 1730 pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar sensível ou multirresistente. Os resultados foram obtidos a partir de tres amostra de escarro destes indivíduos, cujos sintomas sugeriam tuberculose, recrutados em diferentes centros populacionais: Lima, no Peru; Baku, no Azerbaijão; Cape Town e Durban, na África do Sul e, ainda, em Mumbai, na Índia.
O estudo demonstrou que um único teste identifica corretamente 98% das pessoas previamente diagnosticadas como positivas em testes comuns.
“Os resultados são encorajadores”, afirmou Mario Raviglione, diretor do departamento “STOP Tuberculose”, da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Agora temos nas nossas mãos uma ferramenta que podemos utilizar rapidamente, não apenas na confirmação da tuberculose, mas também em termos do reconhecimento dos fármacos multirresistentes, o que significa uma revolução na forma de lidarmos com esta devastadora enfermidade”.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma parceria público-privada; a “Foundation for Innovative New Diagnostics”, com sede em Genebra, a empresa “Cepheid” e a “University of Medicine and Dentistry”, de New Jersey, tendo ainda contado com o apoio da Fundação Bill Gates e da sua mulher, Melinda.
Raviglione afirmou que um comitê de especialistas da OMS está agora a debruçar-se sobre os resultados do estudo. Um grupo de conselheiros estratégicos irá depois rever este trabalho e só então procederá à elaboração de recomendações, nomeadamente sobre as repercussões da introdução do novo teste de diagnóstico em termos de Saúde Pública.
Em outubro, se tudo correr como planeado, a “OMS estaria numa posição de poder promover a rápida detecção da tuberculose nos seus estados membros e interpelar os estados a introduzi-lo, o mais rapidamente possível”, acrescentou Raviglione.
A OMS gostaria ainda de ver a nova tecnologia chegar o mais longe possível, a começar pelos hospitais distritais localizados nas zonas mais rurais de África.
Só em 2008, estima-se que tenham surgido cerca de 9.4 milhões de novos casos de tuberculose, incluindo cerca de 440 mil de tuberculose multirresistente a fármacos, a forma mais grave da doença.
De acordo com as estatísticas da organização, todos os anos a doença é responsável por cerca de 1.8 milhões de mortes (150mil a 200 mil devido à tuberculose multirresistente).

Fontes:
1- N Engl J Med 2010; 363:1005-1015September 9, 2010
(http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa0907847 )
2- British Medical Journal, 2010;341:c4897

3- Informações adicionais:
Foundation for Innovative New Diagnostics, Geneva (C.C.B., P.N., M.D.P.); Forschungszentrum Borstel, Borstel, Germany (D.H., S.R.-G.); the Department of Clinical Laboratory Sciences, University of Cape Town, and National Health Laboratory Service, Cape Town (M.P.N., A.M.), and the Unit for Clinical and Biomedical TB Research, South African Medical Research Council, Durban (J.A., R.R.) — all in South Africa; P.D. Hinduja National Hospital and Medical Research Centre (Hinduja), Mumbai, India (S.S., C.R.); Instituto de Medicina Tropical Alexander von Humboldt, Universidad Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru (F.K., E.G.); Special Treatment Institution, Baku, Azerbaijan (R.T.); the Division of Infectious Diseases, New Jersey Medical School, University of Medicine and Dentistry of New Jersey, Newark (R.B., D.A.); Cepheid, Sunnyvale, CA (M.J., D.H.P.); and the Department of Biostatistics and Bioinformatics, Duke University Medical Center, Durham, NC (S.M.O.).

domingo, 19 de setembro de 2010

Incidência de câncer retal aumenta em jovens

MedWire News*
data da publicação: 06 de setembro-2010

Os médicos rotineiramente subestimam o risco de câncer retal em jovens, apesar crescente incidência neste grupo, uma análise de mais de 7000 pessoas Estados Unidos sugere que tal fato é verdadeiro.

O risco para o câncer coloretal (CCR) aumenta com a idade, sendo, portanto, muitas vezes considerada uma doença de idosos. No entanto, mudanças na dieta e outros fatores, têm levado a um aumento na incidência de CCR em indivíduos com idade inferior a 40 anos.

Apesar disso, a percepção do CCR como uma doença de idosos persiste, diz Joshua Meyer (New York Presbyterian Hospital, E.U.A.) e cols, o que poderia levar ao subdiagnóstico da doença em indivíduos jovens.

Para estimar o tamanho potencial do problema, Meyer e equipe estudou os dados da Vigilância Epidemiologia americana(US Surveillance, Epidemiology, and End Results - SEER), avaliando o prontuário de 7.661 indivíduos com diagnóstico de câncer cólon, reto e retossigmóide entre os anos de 1973 e 2005.

A análise desses dados revelou que a incidência de câncer retal aumentou uma média de 2,6% ao ano, enquanto a incidência de câncer dos cólons diminuiu em média 0,2% por ano, possivelmente devido a técnicas de análise e melhoria dos programas de rastreio.

Da mesma forma, a incidência de câncer de retossigmóide durante o período de estudo de 3 décadas, teve um aumento de 2,2% ao ano, enquanto que a incidência anual de câncer de cólon sigmóide e do cólon descendente isolados diminuiu 0,4% e 2,8%, respectivamente.

Outras análises mostraram que a incidência de câncer de reto e retossigmóide começaram a aumentar a partir de 1984, ao passo que em dados anteriores a este, a variação percentual anual não se alterou significativamente de ano para ano.

Apesar da crescente incidência de cânceres de reto, Meyer e cols. dizem que as taxas globais "não são suficientemente elevados para justificar uma mudança nas diretrizes atuais de investigação”.

Os pesquisadores sugerem, no entanto, "considerar imperativo a avaliação endoscópica de pacientes jovens que se apresentem com sangramento retal e/ou outros sinais ou sintomas comuns de câncer retal ou retosigmoide".

Os resultados são publicados na revista Cancer.

*MedWire(www.medwire-news.md) é um serviço independente de notícias clínicas fornecidas pelo Current Medicine Group, uma divisão comercial da Springer Healthcare Limited.
© Healthcare Ltd Springer, 2010.

Referência: